Contemporânea - Revista de Sociologia da UFSCar

Da ética neoliberal à comunidade incorporada da diferença

Franco Castorina — 2024-11-08

Em sua obra mais recente, Corpos em aliança e a Política das ruas, a filósofa Judith Butler questiona a ética neoliberal que fundamenta as sociedades e os Estados contemporâneos, contrapondo-a a uma ética em que a liberdade se articula com a igualdade. Neste artigo, propomos reconstruir a reflexão de Butler sobre a liberdade, comparando-a com as obras essenciais que embasaram o pensamento neoliberal. Isso permitirá ver a diferença entre uma noção de liberdade individual própria do neoliberalismo e aquela proposta por Butler.

Democracia, participação social e inovações institucionais

Laura Bastos Pimenta Neves — 2024-11-08

O artigo focaliza o Centro de Referência das Juventudes de Belo Horizonte, das demandas das juventudes por sua criação à ocupação pelos jovens em 2016 e seu funcionamento posterior. Com o suporte de desenvolvimentos teóricos da teoria democrática contemporânea, o trabalho tem por objetivo abordar as formas de participação social das juventudes que se mobilizam, irrigando inovações democráticas, dentre as quais a criação de um Comitê Gestor participativo. A metodologia envolveu levantamentos, observação participante de entrevistas semiestruturadas.

Império e imperialismo na teoria política contemporânea

Pedro dos Santos de Borba — 2024-11-08

O artigo examina os conceitos de imperialismo e império conforme desenvolvidos por David Harvey e Partha Chatterjee. Harvey buscou atualizar o legado da economia política marxista sobre o imperialismo mediante as noções de “acumulação por despossessão” e “ajuste espaço-temporal”. Para Chatterjee, o império responde por uma forma política histórica, que governa com base na gestão da diferença colonial. A questão central é se existe um terreno em comum entre a “acumulação por despossessão” e a “diferença colonial” que permita reconciliar a sociologia dos impérios no bojo de uma teoria crítica antieurocêntrica.

Vivendo uma vida vegana

Felipe da Luz Colomé — 2024-11-08

O artigo analisa o processo de conversão ao veganismo. Para isso, com base na adaptação de um modelo de análise de conversão religiosa, discutem-se as diferentes etapas do processo de conversão ao veganismo com base em entrevistas realizadas com adeptos no Brasil e Canadá, atentando para as motivações e valores mobilizados pelos atores e como eles justificam a sua adesão a esse modo de vida. As conclusões apontam que o processo de conversão ao veganismo é fortemente marcado por operações de racionalização e reflexão sobre o sofrimento animal, que são articuladas por sentimentos morais e emoções. Ademais, ele é caracterizado pela politização crescente dos discursos e práticas que integram esse modo de vida.

Cooperação Academia-Ativismo na Pesquisa Científica

Maycon Lopes — 2024-11-08

O artigo examina des/arranjos entre acadêmicos e ativistas com base em uma pesquisa com pessoas trans, discutindo desafios para o trabalho comum com fins à produção científica. Da perspectiva de uma ecologia das práticas, a análise ilumina como a negociação entre os atores, em vez de uma etapa (preliminar) da investigação, configura-se em instância que gera continuamente as condições de possibilidade de conhecimento baseado em alianças dessa natureza. O quadro demonstra o poder dos atores, ao passo em que sugere a força da abordagem empregada, notadamente em seus desdobramentos éticos no curso da pesquisa.

Camponeses-migrantes

Marilda Aparecida de Menezes — 2024-11-08

Nossa proposta neste artigo é compreender como a Profa. Maria Aparecida de Moraes Silva, em suas reflexões teórico-metodológicas e pesquisas, analisa a experiência social de camponeses(as), que são também trabalhadores(as) assalariados(as), em territórios distantes de suas localidades de origem. Examinaremos dois aspectos. Primeiro, como os camponeses-migrantes, cujas vidas são marcadas por processos de expropriação, desenraizamento e exploração, narram as experiências de trabalho e de vida nos diversos espaços em que circulam, considerando tanto os aspectos materiais quanto simbólicos. Segundo, como as intersecções de trabalho, gênero, raça e classe se constituem como eixos centrais na análise dos camponeses(as)-migrantes.

Trabalho rural

Rodrigo Constante Martins — 2024-11-08

O objetivo deste artigo é abordar a obra da socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva com base na temática do trabalho temporário na agricultura. Para tanto, discute como os estudos empíricos empreendidos pela autora foram decisivos para a construção de uma abordagem concreta sobre o trabalho rural no contexto da agricultura paulista. O texto aborda ainda como a temporalidade do trabalho, mobilizada por diferentes estudos sobre capitalismo no campo, foi retrabalhada por Silva mediante situações empíricas que forneceram ricos elementos para a construção de um olhar multidimensional sobre o fenômeno.

Uma experiência metodológica para revelar o indizível

Claudirene Bandini — 2024-11-08

Sob a orientação criativa de Professora Maria Moraes, durante o Doutorado em Sociologia, conheci a metodologia da História Oral. Com os objetivos de revelar o indizível e compreender os silêncios do mundo cultural de origem, desenvolvemos a Oficina de Fuxico, que se configurou eficaz para compreensão da (des)identificação cultural e a negação do passado anterior à conversão religiosa.

Laços, Fios e Redes dos Mapas Afetivos

Andrea Vettorassi — 2024-11-08

O artigo ora apresentado é dividido em duas partes. Em um primeiro momento, é traçada uma digressão temporal para a reflexão, em perspectiva objetiva e subjetiva, sobre a História Oral e os mapas afetivos como ferramentas teórico-metodológicas capazes de múltiplas percepções de categorias sociológicas. Em um segundo momento, objetiva-se com as narrativas e mapas afetivos de brasileiros imigrantes entrevistados em Lisboa demonstrar como se revelam as lembranças dos entrevistados e de que forma elas são transportadas para o papel, especialmente no que tange à vivência da pandemia da COVID-19, nos anos de 2020 e 2021, em outro país.

No caminho da sociologia com a Profa. Maria Aparecida de Moraes Silva

Fábio Kazuo Ocada — 2024-11-08

Este artigo trata da formação em Ciências Sociais e Sociologia recebida ao longo de mais de uma década de estudo na Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, Campus de Araraquara, sob orientação da Professora e Socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva. Nesse período, foi possível auxiliá-la parcialmente nas suas atividades de pesquisa no âmbito da sociologia rural, suscitando um conjunto de reflexões que dizem respeito à teoria sociológica, à metodologia de pesquisa, à formação e postura ética do pesquisador em campo e ao ofício da Sociologia.

Lições de uma mestra da Sociologia

Lúcio Vasconcellos de Vercoza — 2024-11-08

Neste texto, escrito em forma de depoimento narrativo e analítico, o autor busca destacar aspectos marcantes da vida e da obra da socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva. Para alcançar tal intento, inspira-se na carpintaria do texto Lições do Vale: narrativa de uma pesquisadora, escrito pela socióloga. A estrutura do artigo está dividida em seções que sublinham ensinamentos da autora – considerada uma das grandes mestras da Sociologia brasileira.