"A perna esquerda era uma massa de carne e ossos esmagados, presa por milagre ao resto do corpo"
os excluídos como monstros no neorrealismo português
Resumo
O presente artigo parte da correlação entre os conceitos de comunida- de e imunidade, com base em seu radical comum munus, proposta por Roberto Esposito, no livro Bios – Biopolítica e Filosofia, para pensar como toda a ideia de comunidade se faz não apenas por uma noção de pertença mútua, mas tam- bém de exclusão do diferente. Ao longo da história, tanto das representações políticas quanto das representações literárias, essa figura do excluído apare- ceu de diversas formas, muito comumente caracterizada em diferentes tipos de monstruosidades. Meu objetivo no presente trabalho é explorar os sentidos biológicos e as implicações jurídico-políticas da representação do Lobisomem como monstruosidade na literatura, discutindo como os seres representados em forma de aberrações, em especial a figura do homem-lobo, não apenas co- locam em tensão o que se concebe como ser humano, mas permitem dar conta do próprio funcionamento da política das sociedades, enfoque esse de interesse do neorrealismo português. Assim, pretendo aqui discutir, em primeiro lugar, a relação entre representação de monstruosidades biológicas e possibilidade de
degeneração do corpo social, conforme proposta na base das teorias racistas que embasaram regimes autoritários durante o Século XX. Depois, discutir es- pecificamente a figura do lobisomem e suas implicações na teoria política, para, assim, poder retomar a polivalência do signo do homem-lobo no romance Casa na Duna, de Carlos de Oliveira.
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